Cellebrite Reader: Ferramenta Gratuita de Forense Digital

Cellebrite Reader: Como funciona a ferramenta de análise forense gratuita da Cellebrite

Autor: Willian Freitas Núncio

Introdução 

Cellebrite Reader, ferramenta de análise gratuita, é de uma Empresa Israelense de alta tecnologia fundada em 1999, há 23 anos, com sede principal em Petah Tikva – Israel. Segundo informações do site Wikipédia, até o ano de 2017 a empresa contava com 6 escritórios principais e mais de 400 empregados.

A principal linha de produto da empresa é o sistema UFED (Dispositivo Universal de Extração Forense), ferramenta a qual se destina ao setor de investigação digital, muito utilizada por autoridades policiais (Polícia Civil, Polícia Federal e Institutos de Criminalísticas). 

No presente caso, vamos contextualizar o uso da ferramenta Cellebrite Reader, de forma que seja compreensível em que momento se encaixa o uso do software por profissionais do Direito e Tecnologia da Informação.

Resumidamente, podemos dizer que a partir da apreensão de um smartphone e sua entrega para a perícia oficial, inicia-se um procedimento forense adequado para a extração dos dados que pode ser realizado com a ferramenta Cellebrite 4 PC (versão software instalada em uma estação forense) ou em sua versão Touch (Versão móvel com hardware e software acoplada em um único dispositivo portátil). 

As autoridades policiais ao extraírem os dados do aparelho, realizam o processamento e análise dessa evidência na ferramenta Cellebrite Physical Analyser, para posteriormente, quando solicitado pelo advogado de defesa, gerar um arquivo de imagem forense com a extensão (.UFDR), o qual é entregue ao seu defensor para que possa exercer o direito ao contraditório. Para que este arquivo seja aberto pela defesa, é necessário ter a ferramenta Cellebrite Reader, a qual será objeto de estudo em nosso projeto. 

É relevante para os profissionais tanto do Direito quanto da Tecnologia da Informação, a compreensão básica de configuração, bem como a compreensão dos elementos visuais de sua interface e funções, permitindo o uso pleno dos recursos disponíveis na ferramenta para auxiliar as atividades forense de investigação ou defesa.

Obtenção da ferramenta – Download do Cellebrite Reader

A ferramenta, quando não fornecida juntamente com a evidência digital do caso a ser analisado, poderá ser adquirida no seguinte endereço (https://community.cellebrite.com/s/), realizando um cadastro prévio, exibido a seguir.

Figura 1 - Tela Inicial para cadastro e obtenção do software
Figura 1 – Tela Inicial para cadastro e obtenção do software

Você poderá escolher entrar com uma das contas (Facebook, Google e Linkedin) ou então clicar no botão Inscrever-se.

Figura 2 - Criação da conta na Cellebrite
Figura 2 – Criação da conta na Cellebrite

Ao preencher seus dados, entre no e-mail cadastrado para validar sua conta e após volte a tela de login para realizar o acesso com a conta cadastrada. 

Figura 3 – Acesso interno a plataforma
Figura 3 – Acesso interno a plataforma

Ao acessar a plataforma, clique em Produtos e Licenças e logo em seguida Leitor Cellebrite.

Figura 4 - Download da ferramenta
Figura 4 – Download da ferramenta

Clique em Download e preencha algumas informações solicitadas e novamente clique em Download conforme figura abaixo.

Figura 5 - Formulário para download
Figura 5 – Formulário para download

Será exibido seu código de ativação na tela e o download começará.

Figura 6 - Código UFED
Figura 6 – Código UFED

Após extrairmos o arquivo baixado, basta executar e aguardar a tela inicial.

Figura 7 - Tela Inicial do Cellebrite Reader
Figura 7 – Tela Inicial do Cellebrite Reader

Configuração da ferramenta Cellebrite Reader

Após o download e execução do software, para o bom andamento das tarefas a seguir, devemos realizar alguns ajustes de configuração, além de explorar opções de personalização que o sistema oferece, o que fica a critério de cada usuário.

Clicar em Tools – Settings, conforme figura abaixo.

Figura 8 - Acessando as configurações
Figura 8 – Acessando as configurações

Uma nova janela será aberta, onde devemos configurar o idioma para Português do Brasil e o fuso horário podemos ajustar de acordo com a sua localização, no caso colocamos UTC -03:00 São Paulo.

Oportuno ainda mencionar que, em casos de evidências oriundas de outro Estado com fuso horário diferente do seu local, deve-se ajustar na ferramenta o fuso horário com o qual se originou a evidência.

Figura 9 - Mapa com Fuso Horário
Figura 9 – Mapa com Fuso Horário

 

Figura 10 - Janela de configurações
Figura 10 – Janela de configurações

Na sequência, marcamos a opção Alwais adjust timestamps to this time zone – Sempre ajustar as marcações de hora para este fuso horário (UTC -03:00 São Paulo) e de um ok.

Figura 11 - Troca de idioma e fuso horário
Figura 11 – Troca de idioma e fuso horário

Clicar em Sim e o programa será aberto novamente em português.

Figura 12 - Aplicando configurações
Figura 12 – Aplicando configurações

Na aba – Arquivo de Dados, podemos adicionar ou excluir assinaturas de arquivos conhecidos para que nosso sistema reconheça qualquer arquivo com tal assinatura ao abrir uma evidência digital.

Figura 13 - Arquivo de dados
Figura 13 – Arquivo de dados

Em linha do tempo marcar – Exibir tudo na seção – Campos de marcação de data e hora e Tipo de arquivos de dados.

Figura 14 - Linha do tempo
Figura 14 – Linha do tempo

Ajustes de marcação de tempo como data e hora em arquivos (imagens, vídeos, áudios) são de suma importância para análise do perito para reconstruir a história cronológica dos fatos ocorridos.

A próxima aba refere-se a interface, possibilitando a escolha entre a cor clara e escura.

Figura 15 - Interface
Figura 15 – Interface

A aba seguinte trata-se de customização de relatórios gerados automaticamente pela própria ferramenta. Nos EUA é muito usado relatórios gerados automaticamente pela ferramenta, mas no Brasil ocorre o contrário, cada perito produz seu relatório em forma de Laudo ou Parecer.

Figura 16 - Campos adicionais de relatório
Figura 16 – Campos adicionais de relatório

A última aba traz algumas opções de personalização de relatório, além de escolher o formato de geração (html, word, pdf, xml e ufdr).

Figura 17 - Padrões de relatório
Figura 17 – Padrões de relatório

 

Figura 18 - Tipos de relatórios
Figura 18 – Tipos de relatórios

Carregando uma evidência digital

A partir do recebimento do arquivo de imagem (.ufdr) para análise, devemos realizar o seu processamento na ferramenta Cellebrite Reader. Descreveremos a seguir um passo a passo explicativo de uma evidência digital com seus dados populares na ferramenta.

Clicar no menu Arquivo – Abrir arquivo UFDR. 

Figura 19 - Abertura de arquivo UFDR
Figura 19 – Abertura de arquivo UFDR

Selecionar o caminho onde está armazenado seu arquivo de imagem com a extensão .UFDR e clicar em abrir.

Figura 20 - Arquivo UFDR
Figura 20 – Arquivo UFDR

Após a evidência carregada, diversas informações são exibidas na tela inicial como: Tipo de extração realizada, data e hora de início e término da extração, informações preliminares do dispositivo e seu conteúdo por tópicos como bate papo, histórico da web, contatos da agenda, registro de chamadas, arquivos de banco de dados de aplicativos, etc.

Figura 21 - Dados populados
Figura 21 – Dados populados

Na guia Dados analisados, será exibido o conjunto de dados processados e interpretados pela ferramenta para que você possa realizar sua investigação, isto é, os dados coletados na extração aparecerão aqui. Este guia é de fácil interpretação e intuitiva, bastando o usuário clicar no que deseja saber.

Figura 22 - Guia dados analisados
Figura 22 – Guia dados analisados

No exemplo abaixo exploramos na barra de navegação o item Pesquisa e web (270) – Histórico de navegação, o qual retornou os dados pesquisados pelo usuário do dispositivo com data e hora.

Figura 23 - Pesquisa e web
Figura 23 – Pesquisa e web

A guia Sistemas de arquivos, representa o sistema de arquivos do sistema operacional do dispositivo analisado, o qual contém todas as informações referentes a partição de sistema, logs, registro de aplicações instaladas entre outros dados mais complexos sobre o dispositivo que geralmente requerem um conhecimento mais técnico para a sua correta interpretação.

Oportuno mencionar, que nesta guia, existem informações que somente serão encontradas aqui e não serão exibidas na guia inicial em Dados analisados. Em outro projeto podemos explorar e apresentar tais informações de forma mais específica, por hora, abordaremos o básico, propósito deste primeiro projeto sobre Cellebrite.

Figura 24 - Sistemas de arquivos
Figura 24 – Sistemas de arquivos

No exemplo abaixo exploramos na barra de navegação o item Pesquisa e web (270) – Histórico de navegação, o qual retornou os dados pesquisados pelo usuário do dispositivo com data e hora.

Conclusão

Este projeto, apresentou de forma simples e didática, informações básicas de obtenção e instalação da ferramenta, bem como as configurações iniciais e apresentação da interface, possibilitando assim um primeiro contato com a ferramenta.

Por fim, esperamos que qualquer profissional com uma evidência digital em formato (ufdr) possa realizar seu processamento e análise na ferramenta de forma a auxiliar seus trabalhos de investigação.

 


Sobre o autor do artigo

Nome: Willian Freitas Núncio

Perito em forense digital, inscrito no rol de peritos da Justiça Federal , do TJRS e de diversos outros Tribunais Estaduais, é Graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Pós-Graduado em Segurança da Informação, Pós-Graduado em Forense Digital e Investigação Cibernética, Pós Graduando em Direito Penal e Processual Penal, Pós Graduando em Direito Probatório no Processo Penal pela ESMAFE – PR (Escola de Magistratura Federal do Paraná), além de diversos outros cursos de formação técnica e jurídica, atuante como colaborador em casos de grande repercussão como Perito Assistente Técnico de Defesa Criminal, desenvolvendo várias atividades de análise pericial, relacionadas a provas digitais de tipos diferentes (nuvens, smartphones, desktops, ERB), possui amplo conhecimento técnico em ferramentas forenses, entre elas a notória ferramenta Cellebrite, XRY desenvolvida pela MSAB, FTK desenvolvida pela AccesData, Autopsy, IPED (Indexador e Processador de Evidências Digitais) desenvolvida e utilizada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, entre outras ferramentas. Além disso, o autor é mantenedor do site WN Perícia Digital (https://wnpericiadigital.com.br).

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